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Dr. Guilherme Klein

CEO & Médico

CREATINA E FUNÇÃO RENAL

Um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo.

Nos últimos meses, notamos a falta da creatina no mercado de suplementos, e suas razões são múltiplas. O fato é: as pessoas se atentaram da grande importância que um suplemento, muitas vezes esquecido e subjugado, traz para a prática de atividades e esportes de alto rendimento.  Para se ter ideia, apenas nos Estados Unidos a creatina movimenta uma quantia de US$ 400 milhões.

Contudo, muito se falou sobre os efeitos adversos da creatina. Um grande marco foi em 26 de março de 2010, após 7 anos de proibição e um incansável debate entre a ANVISA, a indústria de suplementos alimentares e o setor acadêmico, a Creatina finalmente teve sua comercialização liberada no Brasil

Ela sempre foi citada como um agravante na saúde dos usuários entre eles, o mais citado por inúmeras publicações é o prejuízo à função renal. Com o intuito de verificar a veracidade desta constatação, o professor da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), Bruno Gualano, realizou um estudo sobre a ação da creatina nos rins. Sua conclusão foi que os danos que a creatina causa ao funcionamento dos rins são mínimos ou inexistentes.

Foi conduzido um ensaio randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com o objetivo de investigar os efeitos da suplementação de creatina e sua possível interação com o alto consumo de proteínas sobre a função renal, em praticantes de treinamento de força. Os sujeitos foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: a) suplementação de creatina (20g/dia durante cinco dias e 5g/dia até o término do estudo) e b) placebo (dextrose).

As controvérsias sobre o efeito da creatina são muitas. Diversas publicações jornalísticas e da literatura médica chegaram a alertar sobre a disfunção renal que, teoricamente, o suplemento provocaria e havia provocado em atletas que o utilizavam.

Por meio de uma reação simples e não-enzimática (o que facilita e acelera o processo) a creatina presente no corpo humano se transforma em creatinina, substância que deve ser excretada pelo rim. A suplementação com creatina, portanto, provoca um excesso de creatinina no organismo. Por muito tempo se acreditou que esse excesso prejudicava a filtração glomerular, principal ação exercida pelos rins, provocando, assim, problemas como a síndrome nefrótica e a nefritite (ambos relacionados a uma queda de eficiência dos rins).

O pesquisador reuniu diversas pesquisas feitas sobre o tema e realizou experimentos, acompanhando alguns atletas que usavam a creatina como suplemento. Além de atletas saudáveis, ele também fez a análise da ação da substância em atletas com algum problema no rim (Nefropatas e monorenos). Um deles, por exemplo, era um universitário que tinha apenas um rim. De 2006 a 2009, ele ingeriu 2,8 gramas de creatina por dia (quantidade de suplementação considerada normal), fazendo um treinamento de força. Durante esse período, Gualano fez um acompanhamento da atividade renal do atleta.

Após compilar e comparar suas pesquisas com as outras feitas no exterior, ele verificou que o uso da creatina não diminuiu ou diminuiu muito pouco o nível da filtração glomerular, tanto nos pacientes saudáveis quanto naqueles com algum problema na atividade renal, como idosos, indivíduos diabéticos ou pessoas com baixa filtragem. A suplementação com creatina é muito segura e não prejudica a função renal, salvo em algumas raras exceções ou quando a pessoa a ingere em quantidades gigantescas, afirma Gualano.

A ação da creatina
A creatina é um composto nitrogenado derivado de aminoácidos, que pode ser obtida em carnes (5 gramas de creatina por quilograma) ou produzida dentro do organismo. Cerca de 95% da creatina no corpo humano se concentra nos músculos esqueléticos (responsáveis pelos movimentos), nos quais ela se encontra na forma de fosfocreatina.

Ela exerce sua principal função durante exercícios de curta duração e alta intensidade, o chamado sprint máximo. Em atividades como estas, 6% da energia vem do ATP (adenosina trifosfato, substância que fornece energia ao corpo, obtida por meio de respiração aeróbica), 44% vem da glicólise e 50% vem da fosfocreatina.

A medida que esses sprints vão sendo repetidos, de forma intervalada e com esforço máximo, a creatina ganha ainda mais importância. A partir da décima repetição, 80% da energia do movimento passa a ser provinda da fosfocreatina. Dessa forma, qualquer estratégia de suplementação da creatina que aumente a quantidade da substância nos músculos sem exagero, torna-se importante.

Além disso, quando combinada com treinamento físico intenso e de qualidade, a creatina promove um aumento da força e da massa muscular do atleta que a ingere, maximizando seus resultados. Por esse motivo, a amplitude de esportes em que pode ser aproveitada é grande. Porém se a pessoa não pratica atividade física, a creatina não promove o aumento dessa massa magra ou força.

Os outros 5% da creatina no corpo humano estão distribuídos pelo cérebro, pelas cartilagens e pelos ossos. Para o idoso, que tem defasagem óssea e muscular e dificuldades motoras, o uso da creatina seria extremamente benéfico.

Preocupações
Apesar dos benefícios que a creatina traz ao corpo humano, seu uso também pode trazer alguns riscos e efeitos adversos. O principal deles talvez seja o grande aumento da retenção hídrica, que pode causar a acumulação de resíduos tóxicos no corpo e fazer a pessoa ganhar massa magra muito rapidamente, aumentando sua massa corporal e podendo prejudicar seu resultado no esporte que pratica.

Soma-se a isso o fato de que, quando já se tem muita creatina no corpo, o que é ingerido não é tão eficiente quanto se espera. A presença de cafeína na corrente sanguínea também pode diminuir a efetividade da creatina.
Salvo quando o uso da cafeína é de forma crônica e o efeito “diurético” da mesma não é tão evidente.

Um problema mais grave está relacionado à existência de suplementos de creatina adulterados e incrementados com substâncias proibidas. Além das diversas complicações que podem causar ao corpo, essas misturas, podem conter substâncias classificadas como doping.

Segundo Gualano, 25% dos suplementos estão adulterados em geral, ou por contaminação intencional ou por acidente de fabricação. Sendo assim, um controle mais rígido da pureza de suplementos nutricionais por parte das autoridades se faz necessário.

A Landerfit, com toda sua qualidade e controle traz aos atletas e pacientes que consomem creatina, a certeza de um produto puro e de alto valor nutricional.

DOI do artigo 10.11606/D.39.2013.tde-08102013-133955

 

 

Creatina e a função renal

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